Hipócrates, pai da medicina oriental, garantia a quem o quisesse ouvir que o homem é uma parte integral do cosmos e só a natureza pode tratar os seus males e rejeitava a ideia de que a doença era punição divina, desdenhava das superstições populares e tratou de se guiar pelo espírito científico na altura de dizer que a saúde do corpo estava directamente relacionada com os ambientes em que se vivia. A mesma máxima volta hoje a soar nas bocas dos defensores da eficácia das medicinas alternativas. "As pessoas têm muita tendência para somatizar as emoções para o corpo físico e isso afecta-lhes todas as vertentes do seu bem-estar", traduz Manuel Fonseca formado em medicina dentária e psicologia antes de enveredar pela naturopatia. "As pessoas não são apenas um corpo, vivemos na era da física quântica, que nos vê essencialmente como complexos bioenergéticos, em que cada ser é único."
O corpo de um homem ou de um animal irradia calor e energia, sendo essa energia a Energia de Vida ou Energia Vital. Esta energia tem tantas designações quantas as culturas existentes; por exemplo, os Russos chamam-lhe Energia Bioplasmática, os Hunas da Polinésia chamam-lhe Mana, os Índios Iroqueses Americanos chamam-lhe Orenda, na Índia chama-lhe Prana, nos Países Islâmicos designam-na por Baraka, por Chi na China e no Japão por Ki.
A energia Vital que o corpo de qualquer ser vivo produz provem de diversas fontes como o ar, a água, os alimentos e o sol, estando o seu estado de saúde dependente do maior ou menor grau de harmonia e fluidez dessa energia. Estados de desarmonia física, mental, espiritual ou emocional levam a que a passagem da energia seja obstruída em determinados locais do nosso corpo, e então, os reflexos a nível físico dão-se sob a forma daquilo que designamos de doenças. Quando a Energia Vital deixa o organismo, a vida cessa.
Algumas das medicinas alternativas baseiam-se nessa mesma circulação de Energia Vital e na sua manipulação como caminho para a cura de doenças. É exemplo disso o reiki.
Em todo o mundo são praticados diversos géneros de medicinas alternativas, com os cidadãos a interessarem-se cada vez mais por abordagens diferentes que pressupõem o ser humano como um todo, mais do que como um conjunto de sintomas a tratar.
Mas será que este tipo de tratamentos é realmente eficaz? Muitos acreditam que estes procedimentos apenas surtem efeito devido ao chamado efeito placebo. O efeito placebo é a influência benéfica de um tratamento que não tem valor médico. Se injectarmos água salgada numa pessoa ou lhe dermos um comprimido de açúcar, é frequente ela sentir-se melhor. Quando o cérebro experimenta uma dor, liberta endorfinas (produtos químicos que actuam naturalmente como a morfina para aliviar a dor). Estudos de imagens do cérebro mostraram que quando uma pessoa toma um placebo, desencadeia a libertação de endorfinas. Neurologicamente, é como se o tratamento surtisse efeito.
Isto é particularmente verdadeiro quando se trata de perturbações de avaliação subjectiva, como enxaquecas, dores de costas e depressão. O efeito placebo pode justificar em grande medida o valor terapêutico que atribuímos às medicinas alternativas.
Mas, aos poucos, as medicinas alternativas estão a ser estudadas e já se provou que muitas delas têm fundamento científico. Alguns médicos clássicos baixam defesas para mostrar um respeito e interesse crescentes pelas medicinas alternativas aceitando também que cada área tem o seu conhecimento intrínseco. Cada uma beneficiou de avanços nos últimos anos e nenhuma colide com a importância da outra no tratamento do doente. A medicina convencional tem uma experiência inquestionável na cura de doenças mais objectivas e agressivas (como os cancros), a não convencional insere-se na prevenção, nos cuidados não intrusivos e na complementaridade.
Fernanda Fonseca, docente em medicina geral e familiar crê que "o diálogo e a conjugação de esforços dos dois tipos de medicina no sentido de provar a sua eficácia, isoladamente ou em conjunto, vão beneficiar muito o doente, assim como a evolução do conhecimento acerca do nosso ser, na sua plenitude terrena e cósmica".
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