As Caras de Bélmez
Rostos espectrais apareceram no chão de uma cozinha de Bélmez de la Moraleda, na província espanhola de Jaen.
No número 5 da Rua Real de Bélmez (agora chama-se Rua Maria Gómez), produziu-se o acontecimento paranormal mais conhecido da Península.
O fenómeno. Em Novembro de 1971, Maria Gómez Câmara, de Bélmez, alegou que havia uma mancha em forma de rosto humano no chão da sua cozinha. Depois de a raspar, voltara a aparecer. Passados poucos dias, surgiram outras.
A fraude. Passados seis meses, o jornal El Ideal publicava os resultados de análises que demonstravam que as caras tinham sido desenhadas com nitrato e cloreto de prata. O presidente da Sociedade Espanhola de Parapsicologia, Ramos Perera, afirmou que os exames com infravermelhos à primeira das caras tinham revelado que continha pigmentos. Uma comissão formada pelo Governo espanhol chegou à conclusão de que se tratava de uma fraude e um relatório revelou que a cara conhecida por La Pelona correspondia à marca de uma sola de sapato de tamanho 39. Nos anos 80, com o boom das revistas dedicadas a fenómenos paranormais, surgiram novos rostos que foram identificados com Franco e com uma figura das colunas sociais, Isabel Preysler. Em 2003, Iker Jiménez e Luis Mariano Fernández escreviam no livro Túmulos Sem Nome que os rostos pertenciam a familiares de Maria Gómez que tinham morrido durante a Guerra Civil espanhola. Para obter uma certa semelhança, só tiveram de manipular as imagens. Porém, todas as análises, como as do Instituto de Cerâmica e do Vidro, que revelou a presença de zinco, chumbo e crómio, usados no fabrico de tintas, confirmaram a fraude.
A explicação. Foi tudo uma vigarice concebida para ganhar dinheiro; por exemplo, no auge turístico, as fotos dos rostos só podiam ser adquiridas ao fotógrafo da povoação. Em 2004, após a morte de Maria Gómez, um grupo de adeptos da parapsicologia afirmou ter descoberto mais imagens na casa onde ela nascera. Na realidade, fo¬ram criadas através de um método muito prosaico: molha-se o chão e, antes de secar, procuram-se formas nas manchas de água e volta-se a cobrir os traços com água, azeite e vinagre.
Segundo descobriu o jornalista Javier Cavanilles, a autarquia de Bélmez de la Moraleda estava interessada em comprar a casa onde tinham aparecido os rostos para criar um Centro de Interpretação, mas o preço pedido pelos familiares era proibitivo: 600 mil euros, quando valia, na realidade, apenas 84 mil. A história foi desmontada por Cavanilles e Mánez no livro As Caras de Bélmez: um mistério "ridículo, divertido, curioso e tacanho", afirma Cavanilles; "uma típica patranha infantil", acrescenta Máhez.
O Triangulo das Bermudas
Barcos e aviões desaparecem sem motivo numa área formada pelas Bermudas, a Florida e Porto Rico.
Em 1974, Charles Berlitz escreveu no livro O Mistério do Triângulo das Bermudas que centenas de navios se tinham perdido nessa zona do Atlântico sem deixar rasto.
O fenómeno. Um dos mais falados foi o desaparecimento do Voo 19, que tinha descolado em 1945 com cinco torpedeiros que, pouco depois, efectuavam uma transmissão aflitiva: "Perdemos o rumo." Em 1963, só foram recuperados dois salva-vidas do cargueiro Sulphur Queen.
A fraude. Segundo Larry Kusche, que publicou, em 1974, a informação que reu¬nira sobre os desaparecimentos no livro O Mistério do Triângulo das Bermudas Resolvido, tudo começou "com uma investigação descuidada, elaborada por autores que se serviram de erros, raciocínios incorrectos e sen-sacionalismo".
A explicação. O chefe de esquadrilha do Voo 19 tinha a bússola avariada, voava sem relógio e os outros aviões não tinham instrumentos operacionais. Com o mar alvoroçado, não puderam amarar e despenharam-se quando ficaram sem combustível. No caso do Sulphur Queen, navegava entre vagas com dezenas de metros de altura e ventos ciclónicos. Há desaparecimentos inventados, como o do barco norueguês Stavenger, em 1931. Em 1977, chegou mesmo a dizer-se que fora avistada uma pirâmide com 143 metros submersa no Triângulo da Atlântida. "Condições meteorológicas adversas e o carácter imprevisível do ser humano conseguem ultrapassar as narrativas mais ambiciosas de ficção científica", dizia, em 1974, um porta-voz da Guarda Costeira norte-americana, cujas lanchas passam mais tempo do que quaisquer outros barcos no triângulo maldito. Porém, já sabe: nunca deixe que a verdade estrague uma boa história.
O Sangue de São Genaro
No primeiro sábado de Maio e a 19 de Setembro, o sangue seco de São Genaro, padroeiro de Nápoles, liquefaz-se milagrosamente.
Nessas datas, uma procissão leva uma ampola com o suposto sangue do santo que, segundo a hagiografia católica, foi um bispo decapitado pelo imperador Diocleciano (284-305).
O fenómeno. O milagre produz-se há 600 anos e os napolitanos estão convencidos de que os aguarda uma grande catástrofe se não se verificar. Isso teria acontecido em diversas ocasiões, como em 1527, quando uma praga assolou a cidade, e com o terramoto de 1980, no qual 3000 pessoas perderam a vida.
A fraude. Em 1799, quando o Exército francês entrou em Nápoles, o clero profetizou que o milagre não aconteceria. O general francês Jean-Étienne Championnet ordenou ao seu ajudante: "Diga ao sacerdote que, se o sangue não ficar liquefeito, mando bombardear Nápoles." O milagre não tardou a produzir-se.
A liquefacção não se produz apenas nos dois dias da procissão: acontece mais de doze vezes por ano. A Igreja não permite que se retire uma amostra da substância. Foi apenas possível proceder a exames espectroscópicos através da ampola, os quais determinaram que contém sangue, embora possa haver mais qualquer coisa.
A explicação. Há alguns anos, a revista Nature publicava que o sangue de São Genaro é uma mistura isotrópica, que solidifica e liquefaz se for adequadamente agitada. Luigi Garlaschelli, professor de química orgânica da Universidade de Pavia, reproduziu o milagre com uma mistura de calcário, cloreto de ferro hidratado e água salgada. O mágico norte-americano Joe Nickell fez o mesmo com óleo, cera e sangue-de-dragão, uma resina vermelha elaborada com diferentes vegetais. O mesmo milagre ocorre em Espanha, no dia 26 de Julho de cada ano, com o sangue de São Pantaleão conservado no altar-mor do Real Mosteiro da Encarnação de Madrid, juntamente com um osso do santo. Também não se sabe se a ampola contém apenas sangue. Porém, há um pormenor curioso: foi doado ao mosteiro pelo vice-rei de Nápoles.
A Maldição de Tutankamon
Os arqueólogos que intervieram na descoberta do túmulo do faraó egípcio morreram em circunstâncias misteriosas.
Quando um membro da equipa de escavações, Lord Carnarvon, morreu passado poucos meses da abertura do túmulo, correu o rumor de que a fatalidade se devia a uma maldição.
O fenómeno. Um jornal publicou hieróglifos que estariam presumivelmente à entrada do local: "Quem entrar neste túmulo sagrado será em breve visitado pelas asas da morte". Em menos de um ano, faleceram o meio-irmão de Carnarvon, a sua enfermeira, um médico que fez uma radiografia da múmia e um milionário que estivera no local. Até o canário de Howard Cárter, responsável pela descoberta do túmulo, foi devorado por uma cobra no dia em que ele ia ser aberto.
A fraude. A suposta inscrição nunca existiu. No total, morreram seis pessoas das 26 que estiveram directamente envolvidas nas escavações. A maldição parece ter sido muito selectiva: apesar de ter sido oficialmente aberto no dia 29 de Novembro de 1922, Cárter e Carnarvon já lá tinham entrado antes, secretamente. A rainha de Inglaterra também escapou da maldição, embora tivesse visitado o túmulo em Fevereiro de 1923. O mais incompreensível é que se salvou o responsável por tudo, Howard Cárter.
A explicação. De que morreu Carnarvon? Alguns sugerem que terá sido uma doença pulmonar, a histoplasmose, causada pelo fungo Aspergillus niger. O epidemiologista De Miller, da Universidade do Hawai, é de opinião que teria sido uma septicemia provocada por um corte mal sarado no rosto. Em 2002, Mark R. Nelson, do Departamento de Epidemiologia e Medicina Preventiva da Universidade de Monash, na Austrália, publicou no British Medicai Journal um estudo sobre 44 indivíduos ocidentais que estavam no Egipto nas referidas datas, incluindo 25 que tinham enfrentado os perigos do túmulo. A conclusão não podia ser mais linear: as pessoas expostas à suposta maldição tinham morrido, em média, aos 70 anos, face aos 75 anos daqueles que não se tinham exposto. Isto é, praticamente todos chegaram a velhos, com ou sem uma visita ao faraó.
Rostos espectrais apareceram no chão de uma cozinha de Bélmez de la Moraleda, na província espanhola de Jaen.
No número 5 da Rua Real de Bélmez (agora chama-se Rua Maria Gómez), produziu-se o acontecimento paranormal mais conhecido da Península.
O fenómeno. Em Novembro de 1971, Maria Gómez Câmara, de Bélmez, alegou que havia uma mancha em forma de rosto humano no chão da sua cozinha. Depois de a raspar, voltara a aparecer. Passados poucos dias, surgiram outras.
A fraude. Passados seis meses, o jornal El Ideal publicava os resultados de análises que demonstravam que as caras tinham sido desenhadas com nitrato e cloreto de prata. O presidente da Sociedade Espanhola de Parapsicologia, Ramos Perera, afirmou que os exames com infravermelhos à primeira das caras tinham revelado que continha pigmentos. Uma comissão formada pelo Governo espanhol chegou à conclusão de que se tratava de uma fraude e um relatório revelou que a cara conhecida por La Pelona correspondia à marca de uma sola de sapato de tamanho 39. Nos anos 80, com o boom das revistas dedicadas a fenómenos paranormais, surgiram novos rostos que foram identificados com Franco e com uma figura das colunas sociais, Isabel Preysler. Em 2003, Iker Jiménez e Luis Mariano Fernández escreviam no livro Túmulos Sem Nome que os rostos pertenciam a familiares de Maria Gómez que tinham morrido durante a Guerra Civil espanhola. Para obter uma certa semelhança, só tiveram de manipular as imagens. Porém, todas as análises, como as do Instituto de Cerâmica e do Vidro, que revelou a presença de zinco, chumbo e crómio, usados no fabrico de tintas, confirmaram a fraude.
A explicação. Foi tudo uma vigarice concebida para ganhar dinheiro; por exemplo, no auge turístico, as fotos dos rostos só podiam ser adquiridas ao fotógrafo da povoação. Em 2004, após a morte de Maria Gómez, um grupo de adeptos da parapsicologia afirmou ter descoberto mais imagens na casa onde ela nascera. Na realidade, fo¬ram criadas através de um método muito prosaico: molha-se o chão e, antes de secar, procuram-se formas nas manchas de água e volta-se a cobrir os traços com água, azeite e vinagre.
Segundo descobriu o jornalista Javier Cavanilles, a autarquia de Bélmez de la Moraleda estava interessada em comprar a casa onde tinham aparecido os rostos para criar um Centro de Interpretação, mas o preço pedido pelos familiares era proibitivo: 600 mil euros, quando valia, na realidade, apenas 84 mil. A história foi desmontada por Cavanilles e Mánez no livro As Caras de Bélmez: um mistério "ridículo, divertido, curioso e tacanho", afirma Cavanilles; "uma típica patranha infantil", acrescenta Máhez.
O Triangulo das Bermudas
Barcos e aviões desaparecem sem motivo numa área formada pelas Bermudas, a Florida e Porto Rico.
Em 1974, Charles Berlitz escreveu no livro O Mistério do Triângulo das Bermudas que centenas de navios se tinham perdido nessa zona do Atlântico sem deixar rasto.
O fenómeno. Um dos mais falados foi o desaparecimento do Voo 19, que tinha descolado em 1945 com cinco torpedeiros que, pouco depois, efectuavam uma transmissão aflitiva: "Perdemos o rumo." Em 1963, só foram recuperados dois salva-vidas do cargueiro Sulphur Queen.
A fraude. Segundo Larry Kusche, que publicou, em 1974, a informação que reu¬nira sobre os desaparecimentos no livro O Mistério do Triângulo das Bermudas Resolvido, tudo começou "com uma investigação descuidada, elaborada por autores que se serviram de erros, raciocínios incorrectos e sen-sacionalismo".
A explicação. O chefe de esquadrilha do Voo 19 tinha a bússola avariada, voava sem relógio e os outros aviões não tinham instrumentos operacionais. Com o mar alvoroçado, não puderam amarar e despenharam-se quando ficaram sem combustível. No caso do Sulphur Queen, navegava entre vagas com dezenas de metros de altura e ventos ciclónicos. Há desaparecimentos inventados, como o do barco norueguês Stavenger, em 1931. Em 1977, chegou mesmo a dizer-se que fora avistada uma pirâmide com 143 metros submersa no Triângulo da Atlântida. "Condições meteorológicas adversas e o carácter imprevisível do ser humano conseguem ultrapassar as narrativas mais ambiciosas de ficção científica", dizia, em 1974, um porta-voz da Guarda Costeira norte-americana, cujas lanchas passam mais tempo do que quaisquer outros barcos no triângulo maldito. Porém, já sabe: nunca deixe que a verdade estrague uma boa história.
O Sangue de São Genaro
No primeiro sábado de Maio e a 19 de Setembro, o sangue seco de São Genaro, padroeiro de Nápoles, liquefaz-se milagrosamente.
Nessas datas, uma procissão leva uma ampola com o suposto sangue do santo que, segundo a hagiografia católica, foi um bispo decapitado pelo imperador Diocleciano (284-305).
O fenómeno. O milagre produz-se há 600 anos e os napolitanos estão convencidos de que os aguarda uma grande catástrofe se não se verificar. Isso teria acontecido em diversas ocasiões, como em 1527, quando uma praga assolou a cidade, e com o terramoto de 1980, no qual 3000 pessoas perderam a vida.
A fraude. Em 1799, quando o Exército francês entrou em Nápoles, o clero profetizou que o milagre não aconteceria. O general francês Jean-Étienne Championnet ordenou ao seu ajudante: "Diga ao sacerdote que, se o sangue não ficar liquefeito, mando bombardear Nápoles." O milagre não tardou a produzir-se.
A liquefacção não se produz apenas nos dois dias da procissão: acontece mais de doze vezes por ano. A Igreja não permite que se retire uma amostra da substância. Foi apenas possível proceder a exames espectroscópicos através da ampola, os quais determinaram que contém sangue, embora possa haver mais qualquer coisa.
A explicação. Há alguns anos, a revista Nature publicava que o sangue de São Genaro é uma mistura isotrópica, que solidifica e liquefaz se for adequadamente agitada. Luigi Garlaschelli, professor de química orgânica da Universidade de Pavia, reproduziu o milagre com uma mistura de calcário, cloreto de ferro hidratado e água salgada. O mágico norte-americano Joe Nickell fez o mesmo com óleo, cera e sangue-de-dragão, uma resina vermelha elaborada com diferentes vegetais. O mesmo milagre ocorre em Espanha, no dia 26 de Julho de cada ano, com o sangue de São Pantaleão conservado no altar-mor do Real Mosteiro da Encarnação de Madrid, juntamente com um osso do santo. Também não se sabe se a ampola contém apenas sangue. Porém, há um pormenor curioso: foi doado ao mosteiro pelo vice-rei de Nápoles.
A Maldição de Tutankamon
Os arqueólogos que intervieram na descoberta do túmulo do faraó egípcio morreram em circunstâncias misteriosas.
Quando um membro da equipa de escavações, Lord Carnarvon, morreu passado poucos meses da abertura do túmulo, correu o rumor de que a fatalidade se devia a uma maldição.
O fenómeno. Um jornal publicou hieróglifos que estariam presumivelmente à entrada do local: "Quem entrar neste túmulo sagrado será em breve visitado pelas asas da morte". Em menos de um ano, faleceram o meio-irmão de Carnarvon, a sua enfermeira, um médico que fez uma radiografia da múmia e um milionário que estivera no local. Até o canário de Howard Cárter, responsável pela descoberta do túmulo, foi devorado por uma cobra no dia em que ele ia ser aberto.
A fraude. A suposta inscrição nunca existiu. No total, morreram seis pessoas das 26 que estiveram directamente envolvidas nas escavações. A maldição parece ter sido muito selectiva: apesar de ter sido oficialmente aberto no dia 29 de Novembro de 1922, Cárter e Carnarvon já lá tinham entrado antes, secretamente. A rainha de Inglaterra também escapou da maldição, embora tivesse visitado o túmulo em Fevereiro de 1923. O mais incompreensível é que se salvou o responsável por tudo, Howard Cárter.
A explicação. De que morreu Carnarvon? Alguns sugerem que terá sido uma doença pulmonar, a histoplasmose, causada pelo fungo Aspergillus niger. O epidemiologista De Miller, da Universidade do Hawai, é de opinião que teria sido uma septicemia provocada por um corte mal sarado no rosto. Em 2002, Mark R. Nelson, do Departamento de Epidemiologia e Medicina Preventiva da Universidade de Monash, na Austrália, publicou no British Medicai Journal um estudo sobre 44 indivíduos ocidentais que estavam no Egipto nas referidas datas, incluindo 25 que tinham enfrentado os perigos do túmulo. A conclusão não podia ser mais linear: as pessoas expostas à suposta maldição tinham morrido, em média, aos 70 anos, face aos 75 anos daqueles que não se tinham exposto. Isto é, praticamente todos chegaram a velhos, com ou sem uma visita ao faraó.
Um comentário:
estamos aborrecidas e sem nada para fazer (temos, mas nao apetece)
entao, decidimos aborrecer-nos mais "um muito" pouco mas acabamos por nao ler nada e so queriamos deixar um comentario
pensem em viagens alternativas à de barcelona.
nós
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