Baseado no romance “A Fórmula de Deus” de José Rodrigues dos Santos (abreviado):
Ben Gurion
“ […] Eu não tenho uma imagem convencional de Deus, mas custa-me a acreditar que nada exista para além da matéria […] O cérebro é feito de matéria, tal como uma mesa. Mas a mesa não pensa. O cérebro é parte de um organismo vivo, tal como as minhas unhas, mas as minhas unhas não pensam. E o meu cérebro, se for separado do corpo, também não pensa. É o conjunto do corpo com a cabeça que permite pensar. O que me leva a levantar a possibilidade de o universo ser, todo ele, um corpo pensante.”
Einstein
“ […] Cheguei à conclusão de que a maior parte das histórias da Bíblia não passavam de narrativas míticas. Deixei de ser um crente quase de um dia para o outro. Pus-me a pensar bem no assunto e apercebi-me de que a ideia de um Deus pessoal é um bocado ingénua, infantil até.
[…] Porque se trata de um conceito antropomórfico, uma fantasia criada pelo homem para tentar influenciar o seu destino e buscar consolo nas horas difíceis. Como nós não podemos interferir com a natureza, criamos esta ideia de que ela é gerida por um Deus benevolente e paternalista que nos ouve e que nos guia. É uma ideia muito reconfortante, não lhe parece? Criámos a ilusão de que, se rezarmos muito, conseguiremos que Ele controle a natureza e satisfaça os nossos desejos, assim por artes mágicas. Quando as coisas correm mal, e como não compreendemos que um Deus tão benevolente o tenha permitido, dizemos que isso deve obedecer a um qualquer desígnio misterioso e ficamos assim mais confortados. Ora, isso não faz sentido.
[…] Nós somos uma de entre milhões de espécies que ocupam o terceiro planeta de uma estrela periférica de uma galáxia mediana com milhares de milhões de estrelas, e essa galáxia é, ela própria, uma de entre milhares de milhões de galáxias que existem no universo. Como quer que eu acredite num Deus que se dá ao trabalho de, nesta imensidão de proporções inimagináveis, se preocupar com cada um de nós?
[…] Ele é bom e omnipotente, é? Ora ai está uma ideia absurda! Se Ele é de facto bom e omnipotente, como pretende a Bíblia, por que razão permite a existência do mal? Porque razão deixou que ocorresse o Holocausto, por exemplo? Se for a ver bem, os dois conceitos são contraditórios, não são? Se Deus é bom, não pode ser omnipotente, não pode ser bom, uma vez que não consegue acabar com o mal. Se Ele é omnipotente, não pode ser bom, uma vez que permite a existência do mal. Um conceito exclui o outro.
[…] Se ler a Bíblia com atenção, irá reparar que ela não transmite a imagem de um Deus benévolo, mas antes um Deus ciumento, um Deus que exige fidelidade cega, um Deus que causa temor, um Deus que pune e sacrifica, um Deus capaz de dizer a Abraão para matar o filho só para ter a certeza de que o patriarca Lhe era fiel. Pois se Ele é omnisciente, não sabia já que Abraão Lhe era fiel? Para quê, sendo Ele bom, esse teste tão cruel? Portanto, não pode ser bom.”
Bem Gurion
“ […] Mas sendo Ele criador do universo, é pelo menos omnipotente, não?”
Einstein
“Será? Se assim é, por que razão pune Ele as suas criaturas se tudo é Sua criação? Não estará a puni-las por coisa de que é Ele, afinal de contas, o exclusivo responsável? Ao julgar as suas criaturas, não estará Ele a julgar-se a si próprio? Na minha opinião, e para ser franco, só a Sua inexistência O poderá desculpar. Aliás, se formos a ver bem, nem sequer a omnipotência é possível, trata-se de um conceito, também ele, cheio de irresolúveis contradições lógicas.”
[…] Há um paradoxo que explica a impossibilidade da omnipotência e que pode ser formulado da seguinte maneira: se Deus é omnipotente, pode criar uma pedra que seja tão pesada que nem Ele próprio a consegue levantar. […] Está a ver? É justamente aqui que radica a contradição. Se Deus não conseguir levantar a pedra, Ele não é omnipotente. Se conseguir, Ele também não é omnipotente porque não foi capaz de criar uma pedra que não conseguisse levantar. Conclusão, não existe um Deus omnipotente, isso é uma fantasia do homem em busca de conforto e também de uma explicação para o que não entende.
[…] Acredito no Deus de Espinosa, que se revela na ordem harmoniosa daquilo que existe. Admiro a beleza e a lógica simples do universo, creio num Deus que se revela no universo. […] Não é possível provar a existência de Deus, da mesma maneira que não é possível provar a sua não-existência. Nós apenas temos a capacidade de sentir o misterioso, de experimentar a sensação de deslumbramento pelo maravilhoso esquema que se exprime no universo”.
Ben Gurion
“ […] Eu não tenho uma imagem convencional de Deus, mas custa-me a acreditar que nada exista para além da matéria […] O cérebro é feito de matéria, tal como uma mesa. Mas a mesa não pensa. O cérebro é parte de um organismo vivo, tal como as minhas unhas, mas as minhas unhas não pensam. E o meu cérebro, se for separado do corpo, também não pensa. É o conjunto do corpo com a cabeça que permite pensar. O que me leva a levantar a possibilidade de o universo ser, todo ele, um corpo pensante.”
Einstein
“ […] Cheguei à conclusão de que a maior parte das histórias da Bíblia não passavam de narrativas míticas. Deixei de ser um crente quase de um dia para o outro. Pus-me a pensar bem no assunto e apercebi-me de que a ideia de um Deus pessoal é um bocado ingénua, infantil até.
[…] Porque se trata de um conceito antropomórfico, uma fantasia criada pelo homem para tentar influenciar o seu destino e buscar consolo nas horas difíceis. Como nós não podemos interferir com a natureza, criamos esta ideia de que ela é gerida por um Deus benevolente e paternalista que nos ouve e que nos guia. É uma ideia muito reconfortante, não lhe parece? Criámos a ilusão de que, se rezarmos muito, conseguiremos que Ele controle a natureza e satisfaça os nossos desejos, assim por artes mágicas. Quando as coisas correm mal, e como não compreendemos que um Deus tão benevolente o tenha permitido, dizemos que isso deve obedecer a um qualquer desígnio misterioso e ficamos assim mais confortados. Ora, isso não faz sentido.
[…] Nós somos uma de entre milhões de espécies que ocupam o terceiro planeta de uma estrela periférica de uma galáxia mediana com milhares de milhões de estrelas, e essa galáxia é, ela própria, uma de entre milhares de milhões de galáxias que existem no universo. Como quer que eu acredite num Deus que se dá ao trabalho de, nesta imensidão de proporções inimagináveis, se preocupar com cada um de nós?
[…] Ele é bom e omnipotente, é? Ora ai está uma ideia absurda! Se Ele é de facto bom e omnipotente, como pretende a Bíblia, por que razão permite a existência do mal? Porque razão deixou que ocorresse o Holocausto, por exemplo? Se for a ver bem, os dois conceitos são contraditórios, não são? Se Deus é bom, não pode ser omnipotente, não pode ser bom, uma vez que não consegue acabar com o mal. Se Ele é omnipotente, não pode ser bom, uma vez que permite a existência do mal. Um conceito exclui o outro.
[…] Se ler a Bíblia com atenção, irá reparar que ela não transmite a imagem de um Deus benévolo, mas antes um Deus ciumento, um Deus que exige fidelidade cega, um Deus que causa temor, um Deus que pune e sacrifica, um Deus capaz de dizer a Abraão para matar o filho só para ter a certeza de que o patriarca Lhe era fiel. Pois se Ele é omnisciente, não sabia já que Abraão Lhe era fiel? Para quê, sendo Ele bom, esse teste tão cruel? Portanto, não pode ser bom.”
Bem Gurion
“ […] Mas sendo Ele criador do universo, é pelo menos omnipotente, não?”
Einstein
“Será? Se assim é, por que razão pune Ele as suas criaturas se tudo é Sua criação? Não estará a puni-las por coisa de que é Ele, afinal de contas, o exclusivo responsável? Ao julgar as suas criaturas, não estará Ele a julgar-se a si próprio? Na minha opinião, e para ser franco, só a Sua inexistência O poderá desculpar. Aliás, se formos a ver bem, nem sequer a omnipotência é possível, trata-se de um conceito, também ele, cheio de irresolúveis contradições lógicas.”
[…] Há um paradoxo que explica a impossibilidade da omnipotência e que pode ser formulado da seguinte maneira: se Deus é omnipotente, pode criar uma pedra que seja tão pesada que nem Ele próprio a consegue levantar. […] Está a ver? É justamente aqui que radica a contradição. Se Deus não conseguir levantar a pedra, Ele não é omnipotente. Se conseguir, Ele também não é omnipotente porque não foi capaz de criar uma pedra que não conseguisse levantar. Conclusão, não existe um Deus omnipotente, isso é uma fantasia do homem em busca de conforto e também de uma explicação para o que não entende.
[…] Acredito no Deus de Espinosa, que se revela na ordem harmoniosa daquilo que existe. Admiro a beleza e a lógica simples do universo, creio num Deus que se revela no universo. […] Não é possível provar a existência de Deus, da mesma maneira que não é possível provar a sua não-existência. Nós apenas temos a capacidade de sentir o misterioso, de experimentar a sensação de deslumbramento pelo maravilhoso esquema que se exprime no universo”.
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