A grande diferença entre o depoimento do Dr. Weiss e as centenas de outros já publicados reside no currículo deste respeitado médico formado pela Columbia University. Professor catedrático de um dos mais conceituados hospitais americanos, o Mount Sinai Medical Center, Brian Weiss opôs-se por muito tempo a publicar as suas constatações com medo da discordância de muitos colegas e de toda a comunidade científica tradicional. "Nada no meu passado me preparara para isto. Fiquei completamente surpreso quando estas coisas aconteceram" - afirma o Dr. Weiss formado para pensar como cientista e médico, habituado a guiar-se pelo método científico. Catherine, as suas lembranças de vidas passadas e os espíritos desenvolvidos que comunicavam através da paciente derrubam todo o cepticismo do Dr. Brian Weiss. A pesquisa científica nesta área está apenas no início, e recebe os ataques comuns a qualquer inovação histórica. Galileu e Freud foram ridicularizados pelas suas descobertas, e hoje as suas ideias são aceites por toda a comunidade científica. Verdadeiro, emocionante, surpreendente, revelador. “Muitas Vidas, Muitos Mestres” é a contribuição de um respeitado cientista para a ascensão de uma nova teoria científica capaz de responder às questões que intrigam a humanidade há vários milénios.
Durante a semana estivera a rever o meu manual de um curso de religiões comparadas, que frequentara durante o ano de caloiro na Universidade de Columbia. De facto encontrei referências à reencarnação tanto no Antigo como no Novo Testamento. Em 325 d.C, o imperador romano Constantino, o Grande, juntamente com a sua mãe, Helena, mandou eliminar as referências à reencarnação que estavam contidas no Novo Testamento. O Segundo Concílio de Constantinopla, realizado em 553 d.C, confirmou esta atitude e considerou o conceito de reencarnação como uma heresia. Segundo parece, pensou-se que este conceito iria enfraquecer o poder crescente da Igreja, dando aos seres humanos demasiado tempo para buscarem a sua salvação. E, no entanto, as referências originais tinham existido; os primeiros padres da Igreja tinham aceitado o conceito de reencarnação. Os gnósticos primitivos - Clemente de Alexandria, Orígenes, S. Jerónimo, e muitos outros - acreditavam que já tinham vivido antes e que voltariam a viver.
O Dr. Stevenson reuniu mais de dois mil relatos de memórias e experiências de crianças, do tipo reencarnação. Muitas delas demonstravam possuírem uma capacidade de falarem uma língua estrangeira que nunca tinham praticado ou estudado. Os relatos dos seus casos são cuidadosamente completos, bem investigados e verdadeiramente notáveis.
De acordo com a opinião da maioria dos autores, há grupos de almas que tendem a reencarnar em conjunto repetidas vezes, cumprindo o seu karma (dívidas para com os outros e para consigo, lições a serem aprendidas) ao longo do período de muitas vidas.
Os milhares de casos registados na literatura científica, em especial os de crianças a falarem línguas estrangeiras que nunca tinham ouvido ou praticado, de sinais de nascimento no sítio de anteriores feridas mortais, das mesmas crianças saberem onde se encontram tesouros que foram escondidos ou enterrados a milhares de quilómetros de distância e há décadas ou séculos, tudo isso se reflectia na mensagem de Catherine.
O que é que poderemos dizer da ideia de Jung sobre o inconsciente colectivo, um reservatório de todas as memórias e experiências humanas que de certo modo aí teriam sido gravadas? E frequente encontrarmos em culturas divergentes símbolos similares, até mesmo em sonhos. Segundo Jung, o inconsciente colectivo não foi adquirido pessoalmente mas de certo modo «herdado» pela estrutura cerebral. Inclui motivos e imagens que surgem de novo em cada cultura, sem se basearem em qualquer tradição histórica ou disseminação. Estava convencido de que as memórias de Catherine eram demasiado específicas para poderem ser explicadas pelo conceito de Jung. Não revelava símbolos e imagens e motivos universais. Fazia descrições detalhadas de gente e lugares específicos. As ideias de Jung pareciam demasiado vagas.
Em seguida encontrou-se a flutuar acima do seu corpo, observando a cena em baixo. Subiu até às nuvens, sentindo-se perplexa e confusa. Pouco depois sentiu que era puxada para um «minúsculo espaço acolhedor». Estava em vias de nascer de novo.
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Depois da morte sentiu-se mais uma vez a flutuar acima do corpo, mas desta vez não se sentia perplexa ou confusa.
«Tenho consciência de uma luz brilhante. É maravilhosa; recebe-se energia desta luz.» Estava a descansar depois da morte num intervalo entre duas vidas. Passaram-se alguns minutos em silêncio. De repente começou a falar, mas já não era no murmúrio lento que sempre usara anteriormente. Agora a sua voz era rouca e em tom alto, não demonstrando a menor hesitação.
«A nossa tarefa agora é a de aprendermos, a de nos tornarmos semelhantes a Deus através do conhecimento. Sabemos tão pouco. Está aqui para ser meu professor. Tenho tanto para aprender. Pelo conhecimento aproximamo-nos de Deus para depois podermos descansar. Em seguida regressamos para ensinar e ajudar os outros.»
Começou a rodar a cabeça lentamente como se estivesse a observar uma cena qualquer. Mais uma vez falava em voz alta e num tom rouco.
«Dizem-me que há muitos deuses, porque Deus está em cada um de nós.»
Reconheci a voz do estado entre vidas, tanto pela sua rouquidão como pelo tom decididamente espiritual da mensagem. Aquilo que ela disse a seguir deixou-me sem fôlego, esvaziando--me os pulmões de ar.
«O teu pai está aqui, e o teu filho que é uma criança pequena. O teu pai diz que o reconhecerás porque o seu nome é Avrom, e a tua filha tem o seu nome. A sua morte também foi por causa do coração. O problema do coração do teu filho também era importante, porque estava ao contrário, como o de uma galinha. Por amor, fez um grande sacrifício por ti. A sua alma está muito avançada... A sua morte expiou as dívidas dos seus pais. Também quis mostrar-te até onde podia ir a medicina, que o seu alcance é muito limitado.»
Seria verdade que ele tinha concordado em nascer por nós e em morrer vinte e três dias depois para nos ajudar a pagar as nossas dívidas kármicas e, além disso, ensinar-me sobre medicina e humanidade e entusiasmar-me a regressar à psiquiatria?
«Quem» perguntei atabalhoadamente, «quem é que está aí? Quem é que lhe diz essas coisas?»
«Os Mestres» disse-me num murmúrio, «foram os Espíritos Mestres que me disseram. Contaram-me que já vivi oitenta e seis vezes no estado físico.»
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«Sinto-me livre... livre», murmurou Catherine suavemente. «Estou apenas a flutuar na escuridão... apenas a flutuar. Há uma luz à volta... e espíritos, outras pessoas.»
Perguntei-lhe se se lembrava de alguma coisa da vida que acabara de terminar, a vida como Christian.
«Devia ter sido mais indulgente, e não fui. Não perdoei o mal que as outras pessoas me fizeram e devia tê-lo feito. Não perdoei as ofensas. Mantive-as dentro de mim e guardei-as durante muitos anos... Vejo olhos... olhos.»
«Olhos?» repeti como um eco, tendo uma sensação de contacto. «Os olhos de quem?»
«Os olhos dos Espíritos Mestres» murmurou Catherine, «mas tenho que esperar. Tenho coisas em que pensar.» Passaram-se diversos minutos num silêncio tenso.
«Como é que sabe quando eles estão prontos?» perguntei ansiosamente, quebrando o longo silêncio.
«Eles hão-de chamar-me», respondeu. Passaram-se mais alguns minutos. Até que, de repente, começou a mover a cabeça de um lado para o outro e a voz, rouca e firme, assinalou a transformação.
«Há muitas almas nesta dimensão. Não sou a única. Temos que ser pacientes. É qualquer coisa que eu também nunca aprendi... Há muitas dimensões...» Perguntei-lhe se já estivera ali antes, se reencarnara muitas vezes.
«Estive em diferentes planos em alturas diferentes. Cada um deles representa um nível de consciência superior. O plano para onde vamos depende do ponto até onde conseguimos progredir...» Mais uma vez estava em silêncio. Perguntei-lhe que lições tinha que aprender para poder progredir. Respondeu de imediato.
«A de que devemos partilhar o nosso saber com as outras pessoas. A de que temos capacidades muito para além das que julgamos possuir. Há quem descubra isto mais depressa do que outros. A de que devemos ter consciência dos nossos erros antes de chegarmos a este ponto. Se assim não for, serão transportados connosco para outra vida. Só nós temos possibilidade de nos libertarmos... dos maus hábitos que vamos acumulando quando nos encontramos no estado físico. Os Mestres não podem fazer isso por nós. Quando optamos por nos opormos e não nos libertarmos deles,' iremos transportá-los para uma outra vida. E só quando decidimos que somos suficientemente fortes para dominarmos os problemas externos é que faremos com que eles não existam na vida seguinte.
«Também devemos aprender a não nos limitarmos a aproximarmo-nos das pessoas que têm vibrações como as nossas. E normal sentirmo-nos atraídos por alguém que se encontra no mesmo nível onde nós estamos. Mas isto está errado. Também devemos aproximarmo-nos das pessoas cujas vibrações são diferentes... das nossas. É nisto que reside a importância... de ajudar... essas pessoas.
«São-nos dados poderes intuitivos que deveríamos seguir em vez de tentarmos resistir-lhes. Todos aqueles que lhes resistem irão cair em situações de perigo. Não somos enviados de cada um dos planos com poderes iguais. Algumas pessoas possuem poderes maiores do que as outras, porque estes foram acrescidos noutras alturas. Assim, as pessoas não são todas criadas de igual modo. Mas eventualmente alcançaremos um ponto em que todos seremos iguais.»
«As pessoas que se encontram em coma... estão num estado de suspensão. Ainda não se encontram prontas para atravessarem para outro plano... até decidirem se querem ou não atravessar. Só elas podem tomar uma decisão a este respeito. Se concluem que não têm mais nada a aprender... no estado físico... então é-lhes permitido atravessar. Mas se ainda têm coisas a aprender, então, devem regressar mesmo que não o queiram fazer. Para essas pessoas trata-se de um período de descanso, um período em que os seus poderes mentais podem repousar.»
Sendo assim, as pessoas em coma podem decidir se querem ou não regressar, dependendo tudo do grau de aprendizagem que ainda têm que atingir no mundo físico. Se chegam à conclusão de que não há mais nada para aprender, podem seguir directamente para o estado espiritual, não interessando tudo o que a medicina moderna faça para o impedir. Esta informação adaptava-se perfeitamente às investigações que haviam sido publicadas sobre experiências de quase morte, e às razões pelas quais algumas pessoas decidiam regressar. Havia outras a quem não era dada qualquer possibilidade de escolha; tinham que regressar porque ainda havia coisas a aprender. É evidente que todas essas pessoas entrevistadas sobre as suas experiências no limiar da morte regressaram aos seus corpos. Verifica-se uma semelhança espantosa nas suas histórias. Libertaram-se dos seus corpos e «observaram» os esforços de reanimação de um ponto acima daqueles. Em alguns casos tiveram consciência de uma luz brilhante ou de um vulto «espiritual» resplandecente avistado à distância, por vezes na extremidade de um túnel. Não sentiam qualquer dor. Logo que tomavam consciência de que as suas tarefas na terra ainda não se encontravam terminadas e que tinham que regressar aos seus corpos, este regresso era feito de imediato, e mais uma vez passavam a estar conscientes da dor e de outras sensações físicas.
«Não o vejo... mas vejo pessoas a serem mortas!» A voz subiu de tom e tornou-se áspera. «Não temos o menor direito de terminarmos abruptamente as vidas das pessoas antes delas terem cumprido o seu karma. E estamos a fazê-lo. Não temos o direito,
Poderão ter uma maior retribuição se as deixarmos viver. Quando morrem e vão para a dimensão seguinte, irão sofrer aí. Irão ficar num estado de grande inquietação. Não terão paz. E serão mandadas de volta, mas as suas vidas serão muito duras. E terão que compensar as pessoas que magoaram por causa das injustiças que cometeram contra elas. Estão a deter as vidas dessas pessoas e não têm o menor direito de o fazer. Só Deus as pode castigar e nunca nós. Terão que ser punidas.»
«Deixei o meu corpo.» A voz era mais alta e num tom áspero. «Vejo uma luz maravilhosa... Há pessoas que vêm ao meu encontro. Vêm ajudar-me. Gente maravilhosa. Não têm medo... Sinto-me muito leve...» Houve uma longa pausa.
«Ficou com qualquer opinião sobre a vida que acabou de abandonar?»
«Isso é para mais tarde. Para já sinto apenas a paz. E tempo de consolo. Os participantes devem ser confortados. A alma... a alma encontra paz neste lugar. Deixam-se para trás todas as dores do corpo. A alma está serena e em paz. É um sentimento maravilhoso... maravilhoso como se o sol nos confortasse para sempre com o seu calor e o seu brilho. A luz é tão brilhante! Tudo tem origem na luz! A energia vem desta luz. A nossa alma vai imediatamente para lá. É quase como uma força magnética que nos atrai. E maravilhoso. É como uma fonte de poder. Sabe como curar.»
«Tem uma cor?»
«Tem várias cores.» Fez uma pausa, repousando nesta luz.
«O que é que está a sentir?» arrisquei.
«Nada... apenas um sentimento de paz. Estamos entre amigos. Estão todos ali. Vejo muitas pessoas. Algumas são familiares, outras não. Mas estamos ali, à espera.» Continuou a esperar, enquanto os minutos passavam lentamente.
«Sim, escolhemos a altura em que voltamos ao nosso estado físico e a altura em que voltamos a abandoná-lo. Sabemos quando terminamos aquilo que nos mandaram fazer. Sabemos quando chegou a altura e aceitamos a morte. Isto acontece porque temos consciência de que não conseguimos mais nada desta vida. Depois de termos tido tempo, depois de termos tido o tempo necessário para descansar e reenergizar a alma, podemos voltar a escolher a nossa nova entrada no mundo físico. As pessoas que hesitam, aquelas que não têm a certeza do regresso aqui, podem perder a oportunidade que lhes foi dada, a oportunidade de realizarem aquilo que lhes compete quando se encontram no estado físico.»
«O caminho de toda a gente é praticamente o mesmo. Todos nós devemos aprender certas atitudes quando nos encontramos no estado físico. Alguns são mais rápidos a aceitarem-nas do que outros. Caridade, esperança, fé, amor... todos nós devemos conhecer estas coisas e conhecê-las bem. Não se trata apenas de uma esperança, de uma fé e de um amor - há tantas coisas que fazem parte de cada um destes sentimentos. Há tantos modos de os demonstrar. E no entanto encontramo-nos apenas ligados a um pouco de cada um...
«Os elementos das ordens religiosas chegaram mais perto do que qualquer de nós, porque tomaram esses votos de castidade e de obediência. Deram tanto, sem pedirem absolutamente nada em troca. O resto de nós continua a pedir recompensas - recompensas e justificações para o nosso comportamento... quando não existem quaisquer recompensas, recompensas para aquilo que nós queremos. A recompensa está em fazer, mas fazer sem esperar o que quer que seja... fazer as coisas de um modo altruísta.
Por momentos senti-me confuso com o termo "castidade", mas lembrei-me de que a raiz significava "puro", referindo-se a um estado muito diferente de uma situação de abstinência sexual.
A resposta veio do Mestre poeta. «Paciência e a altura certa... tudo acontece quando tem que acontecer. Uma vida não pode ser apressada, não pode ser inserida numa programação como tanta gente pretende. Temos que aceitar aquilo que nos é dado em qualquer momento, sem pedir mais. Mas a vida é interminável, o que quer dizer que nunca morremos; na realidade, também nunca chegamos a nascer. Apenas nos limitamos a passar por fases diferentes. Não tem fim. Os seres humanos têm muitas dimensões. Mas o tempo não é como o vemos, trata-se em vez disso de um conjunto de lições que são aprendidas.»
«Descanse. Teve uma vida bastante difícil. Sofreu uma morte difícil. Precisa de descansar. Recomponha-se. O que é que aprendeu nesta vida?»
«Aprendi sobre o ódio... mortes sem sentido... ódios mal orientados... gente que odeia sem saber porquê. Somos levados a isso... por um instinto de maldade, quando estamos no estado físico...»
«Tens razão ao concluir que este é o tratamento correcto para todos aqueles que se encontram no estado físico. Deves eliminar os medos das suas mentes. Há sempre uma perda de energia quando o medo se encontra presente. Impede-os de cumprirem as missões para as quais foram enviados. Inspira-te naquilo que te rodeia. Primeiro devem ser postos num nível muito, muito profundo... onde deixem de ser capazes de sentir o corpo. Nessa altura és capaz de chegar até eles. É só à superfície... que se encontram as perturbações. Lá muito no fundo das suas almas, onde as ideias são criadas, é aí que os deves encontrar.
«Energia... tudo é energia. E tanta que é desperdiçada. As montanhas... dentro das montanhas tudo é tranquilidade; a calma encontra-se no centro. Mas no exterior é onde se situam as perturbações. Os humanos só são capazes de ver o exterior, mas tu podes chegar muito mais fundo. Tens que ver o vulcão. Para isso tens que penetrar muito mais fundo.
«Encontrar-se num estado físico é anormal. Quando te encontras num estado espiritual, isso é para ti um estado natural. Quando somos mandados de volta é o mesmo que sermos mandados para qualquer coisa que não conhecemos. Leva-nos mais tempo. No mundo espiritual é preciso esperar para em seguida se verificar a renovação. É um estado de renovação. E uma dimensão como as outras dimensões.»
« Há espíritos à nossa volta?»
Respondeu num murmúrio, a partir da perspectiva da sua mente superconsciente. «Oh, sim... muitos espíritos. Só vêm quando lhes apetece. Aparecem... quando querem. Todos nós somos espíritos. Mas outros... alguns encontram-se num estado físico e outros estão num período de renovação. E outros são guardiães. Mas vamos todos para o mesmo sítio. Também já fomos guardiães.»
«Porque é que regressamos para aprender? Porque é que não podemos aprender como espíritos?»
«São níveis diferentes de aprendizagem e há coisas que devemos aprender num estado carnal. Devemos sentir dor. Quando se é espírito não se sente a dor. É um período de renovação. A alma está a ser renovada. No estado físico, material, é possível sentir a dor; podemos magoar-nos. Na forma espiritual não se sente. Só existe felicidade, uma sensação de bem-estar. Mas é um período de renovação para... nós. A interacção entre as pessoas na forma espiritual é diferente. Quando nos encontramos num estado físico... podemos sentir as relações.»
Muitos contaram-me as suas experiências particulares sobre acontecimentos parapsicológicos, quer se tratasse de PES, déjà vu, experiências extracorpóreas, sonhos sobre vidas passadas ou outros. Grande parte deles nem sequer tinha contado às esposas as suas experiências. De um modo mais ou menos geral as pessoas tinham receio de que, ao partilharem as suas experiências, os outros, mesmo as próprias famílias e os terapeutas, os pudessem considerar como sendo extravagantes ou estranhos. De qualquer modo, esses acontecimentos parapsicológicos são razoavelmente comuns, muito mais frequentes do que as pessoas possam julgar. É apenas a relutância que se verifica em contar às outras pessoas ocorrências psíquicas que faz com que estas sejam consideradas como invulgares. E quanto mais especializada é a preparação, mais relutantes parecem ser.
«Não precisamos dos nossos corpos?»
«Não. Passamos por inúmeros estádios quando aqui estamos. Começamos com um corpo de bebé, passamos a um corpo de criança, de criança a adulto e finalmente a velho. Por que é que não havíamos de avançar mais um passo e passar directamente de
adulto ao plano espiritual? É isso que nós fazemos. Não paramos de crescer; nós continuamos a crescer. Quando chegamos ao plano espiritual, também aí continuamos a crescer. Passamos por diversas fases de desenvolvimento. Quando chegamos, é como se fossemos queimados. Temos que passar por uma fase de renovação, uma fase de aprendizagem e uma fase de decisão. Decidimos quando queremos regressar, onde e por que motivos. Há quem decida não regressar. Optam por passar a outra fase de desenvolvimento. E permanecem numa forma espiritual... alguns mais do que outros antes de regressarem. É tudo uma questão de crescimento e aprendizagem... crescimento contínuo. O nosso corpo não passa de um veículo que nos é útil enquanto aqui estamos. Só a nossa alma e o nosso espírito vivem para sempre.»
«A aprendizagem no estado físico é mais rápida? Há razões para que nem toda a gente permaneça no estado espiritual?»
«Não. A aprendizagem no estado espiritual é mais rápida, muito mais acelerada do que aquela que se verifica no estado físico. Mas escolhemos aquilo que necessitamos de aprender. Se precisamos de voltar para trabalharmos num determinado relacionamento, voltamos. Quando se acaba, continuamos. Na forma espiritual é sempre possível contactar aqueles que se encontram no estado físico, desde que se queira. Mas só se houver qualquer coisa de importante... só se for necessário dizer-lhes qualquer coisa que eles devem saber.»
«Como é que estabelece contacto? Como é que a mensagem é passada?»
Para minha grande surpresa, foi Catherine que respondeu. O seu murmúrio era mais rápido e mais firme. «Por vezes é possível aparecer diante da pessoa... e ter o mesmo aspecto que se tinha na vida terrena. Outras vezes estabelece-se apenas um contacto mental. Às vezes as mensagens são crípticas, mas na maioria das vezes a pessoa sabe a que é que se refere. Eles compreendem. É um contacto mente a mente.»
«Coexistência e harmonia», recordei-lhe. Quando respondeu tratava-se da voz do Mestre poeta. Sentia-me entusiasmado por ouvir novamente a sua voz.
«Sim», respondeu-me. «Tudo deve ter um equilíbrio. A natureza vive em harmonia. Os animais vivem em harmonia. Os seres humanos não aprenderam a fazer isso. Continuam a destruir-se. Não existe harmonia, não existe o menor plano naquilo que fazem. A natureza é tão diferente. A natureza é equilibrada. A natureza é energia e vida... e renovação. E os seres humanos apenas destroem. Destroem a natureza. Destroem os outros seres humanos. Há-de chegar uma altura em que se destruirão a si próprios.»
Era uma previsão de mau agoiro. Com o mundo constantemente num caos e em tumulto, esperava que isso não acontecesse nos tempos mais próximos. «Quando é que isso acontecerá?» perguntei
«Acontecerá mais cedo do que aquilo que pensam. A natureza sobreviverá. As plantas sobreviverão. Mas nós não.»
«Podemos fazer alguma coisa para evitar essa destruição?»
«Não. Tudo deve ser equilibrado...»
«Essa destruição acontecerá na nossa vida? Podemos evitá-la?»
«Não acontecerá na nossa vida. Estaremos noutro plano, noutra dimensão, quando isso acontecer, mas presenciaremos tudo.»
«Existe algum meio de ensinar a humanidade?» continuava a procurar uma saída, uma possibilidade de atenuar a situação.
«Será feito a um outro nível. Aprenderemos com isso.»
Considerei o aspecto positivo. «Bom, sendo assim, as nossas almas progridem em diferentes locais.»
«Sim. Já não estaremos... aqui, conforme o conhecemos. Mas havemos de o ver.»
«Sim» anuí. «Sinto uma necessidade de ensinar essas pessoas, mas não sei como é que me posso aproximar delas. Existe algum meio ou têm que o aprender por si mesmas?»
«Não podes chegar a toda a gente. Para poderes deter a destruição terias que chegar a toda a gente e não o podes fazer. Não pode ser parado. Eles aprenderão. Quando evoluírem, aprenderão. Haverá paz, mas não aqui, não nesta dimensão.»
«Poderá eventualmente haver paz?»
«Sim, num outro nível.»
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«Como é que desenvolvemos essas faculdades?»
«São desenvolvidas através de relacionamentos. Há quem tenha poderes mais elevados, que regressou com mais conhecimento. Procurarão aqueles que necessitam de desenvolvimento para os ajudar.» Caiu num longo silêncio. Abandonando o seu estado superconsciente, entrou numa outra vida.
«Está bem. Descanse... descanse. Passaram-se mais alguns minutos em silêncio. Até que pareceu estar a escutar qualquer coisa. Foi então que começou a falar abruptamente. A voz era alta e profunda. Não era Catherine.
«Há sete planos ao todo, sete planos, cada um deles composto por muitos níveis, sendo um deles o plano de reminiscência. Nesse plano existe a possibilidade de se coligirem todos os pensamentos. É possível ver a vida que acabou de passar. Os que se encontram nos níveis mais elevados têm a possibilidade de ver a história. Podem regressar e ensinar-nos a história. Mas os que se encontram nos níveis mais baixos só têm possibilidade de ver a própria vida... que acabou de passar.
«Temos dívidas que devem ser pagas. Se não tivermos pago, essas dívidas serão transferidas para outra vida... de modo a que tudo possa ser regularizado. O progresso é realizado à medida que as dívidas são pagas. Algumas almas conseguem progredir mais depressa do que outras. Quando nos encontramos numa forma física e procuramos resolver o que é necessário... estamos a trabalhar ao longo de uma vida... Se alguma coisa interrompe essa capacidade... de pagar a dívida em questão, será preciso regressar ao plano das reminiscências, e aguardar aí até que a alma para quem temos essa dívida venha ao nosso encontro. E quando puderem ser enviadas ambas para uma forma física ao mesmo tempo, então existe uma possibilidade de regresso. Mas somos nós que determinamos quando é que vamos regressar. Somos nós que determinamos o que é que deve ser feito para pagar a dívida. Não recordaremos as outras vidas... apenas aquela de onde acabámos de sair. Só aquelas almas que se encontram num nível mais elevado - os sábios - têm a possibilidade de recordar a história e os acontecimentos passados... para nos ajudarem, para nos ensinarem o que é que devemos fazer.
«Há sete planos... sete planos através dos quais devemos passar antes de regressarmos. Um deles é o plano de transição. Nesse plano temos que esperar. Nesse plano é determinado o que é que devemos levar connosco para a vida seguinte. Todos nós teremos... um traço dominante. Poderá ser a ganância, ou a luxúria, mas seja o que for que se determine, é preciso pagar as nossas dívidas a essas pessoas. Isso deve então ser realizado nessa vida. Deve-se vencer a ganância. Se isso não for feito, ao regressar essa característica será acarretada, juntamente com qualquer outra, para a vida seguinte. O fardo passará a ser muito maior. Cada vida que se atravessa sem pagar essas dívidas fará com que a seguinte seja ainda mais dura. Se as dívidas forem pagas, a vida tornar-se-á mais fácil. Escolhemos assim a vida que teremos. Na fase seguinte somos responsáveis pela vida que temos. Somos nós que a escolhemos.» Catherine ficou silenciosa.
«É neste plano que algumas almas têm permissão de se manifestarem às pessoas que ainda se encontram na forma física. É-lhes permitido regressar... apenas se deixaram algum acordo por cumprir. Neste plano é permitida a intercomunicação. Mas os outros planos... é onde se pode usar as capacidades psíquicas e comunicar com pessoas que se encontram na forma física. Há muitas maneiras de fazer isto. A algumas é concedido o poder da visão e podem mostrar-se às pessoas que ainda se encontram na forma física. Outras têm o poder do movimento e conseguem mover objectos telepaticamente. Só se vai para esse plano desde que haja alguma utilidade em estar aí. Se foi deixado algum acordo que não tenha sido realizado, poderá optar-se por ir para esse plano e comunicar de uma forma qualquer. Mas tudo isso se realiza... para que o acordo possa ser realizado. Se a vida foi abruptamente cerceada, isso poderá ser razão suficiente para que se possa ir para este plano. Há muitas pessoas que escolhem vir para aqui porque têm a possibilidade de ver aqueles que ainda se encontram na forma física e que eram seus íntimos. Mas nem todos optam por comunicar com estes. Para certas pessoas poderá ser demasiado aterrador.»
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«É tudo tão rápido e complicado... aquilo que me estão a dizer... sobre transformação e crescimento e diferentes planos. Há um plano de consciencialização e um plano de transição. Vimos de uma vida e, se as lições são completadas, movemo-nos para outra dimensão, para outra vida. Devemos compreender integralmente. Se assim não for, não nos é permitido fazer a passagem... devemos repetir por não termos aprendido. Devemos experimentar sob todos os aspectos. Devemos conhecer o aspecto de ambicionar, mas igualmente o de dar... Há tanto para saber, tantos espíritos envolvidos. É por isso que estamos aqui. Os Mestres... são apenas um neste plano.»
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