Com mais ligações de neurónios possíveis do que átomos há no universo, o cérebro tem um grande problema: como encontrar memória. É aí que entram as emoções, que são, em parte, uma rede de neurónios, e que estão ligadas a todas as outras redes. Estas ligações permitem ao cérebro encontrar as memórias mais importantes em primeiro lugar. As emoções avaliam a situação rapidamente, de facto, sem sequer pensar nisso, e enviam mensageiros químicos para fugir ou lutar, sorrir ou franzir o sobrolho. O lado negativo da memória associativa é que, como percepcionamos a realidade, e tratamos as novas experiências baseados nos dados mentais/neurais armazenados do passado, é difícil ver o que realmente está lá fora nesse momento. A tendência, pelo contrário, é fazer referência a experiências passadas.
Tal como todas as células do corpo se unem e inter-relacionam umas com as outras para originarem um organismo que funciona, também as redes de neurónios se inter-relacionam, ou associam, de forma a produzir essa entidade que consideramos a nossa personalidade. Todas as nossas emoções, memórias, conceitos e atitudes estão codificados neurologicamente e se interligam, resultando na personalidade. No caso de personalidades múltiplas, há conjuntos múltiplos integrados que não estão ligados uns aos outros. É por isso que quando a personalidade muda não há nenhuma memória da “outra pessoa”. O conjunto de redes a partir da qual a pessoa opera não está ligado a essas memórias.
Neuroplasticidade é o termo usado para definir a capacidade que o cérebro tem de formar novas ligações – por outras palavras, neurónios ligarem-se a outros neurónios. Embora em tempos se acreditasse que por altura da adolescência o cérebro já estivesse ligado para o resto da vida, as investigações mais recentes confirmaram que o cérebro não só é muito plástico e maleável, mesmo em idades avançadas, como também cria novas células. Tal como explica o Dr. Daniel Monti:
“A boa notícia é que há um enorme potencial para mudar os tipos de comportamento e padrões característicos em que caímos. E o potencial para a mudança do nosso sistema nervoso, de toda a nossa psicologia, é tremendo.
De facto, se tiver ouvido e se lembrar de tudo o que eu disse, a sua fisiologia é diferente do que era antes! Essa memória foi codificada e a sua estrutura genética mudou. E enquanto antes falaríamos do sistema nervoso como uma coisa rígida com pouca capacidade de mudança, sabemos agora que, a muitos níveis, isso não é verdade. Há uma capacidade tremenda de plasticidade, que basicamente significa capacidade de mudança, no sistema nervoso.”
A investigação citada pelo Dr. Monti encaixa perfeitamente no Human Potencial Movement, que sempre disse que somos muito mais ilimitados do que achamos.
O factor principal que distingue os seres humanos de todas as outras espécies é o nosso lóbulo frontal e o rácio desse lóbulo frontal em relação ao resto do cérebro. O lóbulo frontal é a área do cérebro que nos permite concentrar a atenção e concentrarmo-nos. É fulcral para tomar decisões e para manter uma intenção firme. Permite-nos tirar informações do nosso meio ambiente e do nosso armazém de memórias, processá-las e tomar decisões ou escolhas diferentes das decisões e escolhas que já fizemos.
Se os teus olhos estiverem sãos, todo o teu corpo andará iluminado.
— Mateus 6, 22
A segunda das quatro Nobres Verdades de Buda é:
“A origem do sofrimento é a ligação às coisas passageiras e a ignorância daí proveniente. As coisas passageiras não incluem apenas os objectos físicos que nos rodeiam, mas também ideias, num sentido mais lato, tudo objectos da percepção. A ignorância é a falta de compreensão de como a nossa mente está ligada a coisas impermanentes. As razões para o sofrimento são desejo, paixão, ardor, procura de riqueza e prestígio, busca por fama e popularidade, ou resumindo: anseio e dependência.”
Parece lógico que o dispositivo físico mais maleável, complexo e sofisticado seja a interface entre o mundo espiritual “intangível” e o mundo material “tangível”. E que isso reflicta processos em ambos os mundos.
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