“Eu estava em uma casa que não conhecia. Era a ‘minha casa'.
No primeiro andar, havia um salão mobilado em Estilo Rococó.
Não sabia como era o estilo do andar de baixo. Ali, tudo parecia muito mais antigo. Essa parte da casa devia ser do século XV ou do século XVI. O mobiliário era medieval. Os soalhos eram de tijoleira. Eu andava de uma sala para a outra, pensando: ‘Tenho de explorar a casa toda.’
Cheguei a uma porta muito pesada e abri-a. Uma escada de pedra levou-me à cave. Desci e encontrei-me numa linda sala abobadada que parecia muito antiga. As paredes eram da época romana. O chão era de blocos de pedra e, numa das pedras, descobri uma argola.
Puxei pela argola e vi uma escada estreita de pedra que descia.
Desci e encontrei-me numa cave baixa. No meio da poeira, havia ossos e pedaços de cerâmica semelhantes a restos de uma cultura primitiva.
Encontrei duas caveiras humanas, obviamente muito antigas e semi-desfeitas. Depois acordei.” (palavras de Jung, no filme The Wisdom of the Dream, 1989).
O primeiro teórico que considerou o inconsciente foi Freud. Falou do inconsciente formado na vida de cada pessoa, a partir de conteúdos suprimidos da consciência. Segundo a sua obra Interpretação dos sonhos, nos sonhos o inconsciente condensa eventos aparentemente aleatórios numa epifania concisa e de sentido íntimo. O inconsciente fala por meio de imagens afectivamente carregadas e não através de conteúdos cognitivos. Essas imagens corporificam o significado nas metáforas e nos símbolos.
Às descrições freudianas do trabalho com os sonhos, Jung acrescentou a ideia do inconsciente colectivo, no qual as imagens são comuns não só à vida de cada um, mas também à do universo. Ele também percebeu que os sonhos não eram só desejos indirectamente satisfeitos, mas, muitas vezes, comentários espontâneos do Si-Mesmo a respeito da vida do sonhador.
O inconsciente colectivo será uma camada mais profunda da psique humana, comum a toda humanidade e cuja existência aproxima o ser humano contemporâneo dos seus ancestrais. Quando nascemos trazemos um registo interno da história da humanidade. Esse mundo inconsciente é regido por arquétipos que são estruturas mentais inatas, predisposições, imagens, símbolos, que determinam como compreender o mundo e as outras pessoas. Para além do estudo dos sonhos apoiou-se também no estudo comparado de criações culturais (particularmente mitos, lendas e religiões) de povos sem qualquer comunicação entre eles. Esta ideia é também apoiada por estudos realizados com cegos de nascença, em que lhes foi pedido para desenhar paisagens e símbolos, e se obtiveram desenhos muito próximos da realidade.
Jung dizia que cada homem possui um potencial criativo que quando colocado em uso para o seu benefício, desenvolverá um estilo único de ser e agir no mundo, procurando o bem-estar de si mesmo e da comunidade. Um ser humano só é desenvolvido se interagir criativamente com o seu próximo, em prol de um bem comum.
Na visão de Jung, quando o bebé nasce, ao contrário do que Freud pensava, não é uma tábua rasa, traz consigo uma bagagem genética e psíquica. Não só o seu corpo é resultado de uma cadeia de genes, também o seu psiquismo provém de experiências ancestrais. Aquilo que Jung chamou de inconsciente colectivo, é na verdade um arquivo da história da humanidade. Todas as crianças nascem numa situação sócio-afetiva cultural, melhor ou pior estruturada e vai então desenvolvendo o seu ego, tornando-se uma pessoa com identidade.
Jung concebeu uma arqueologia psíquica sugestiva, porque não somos diferentes do que éramos no passado: possuímos qualidades e limitações comuns.
Se bem que inconscientes, os arquétipos são tidos como consciencializáveis por sistemas simbólicos comuns. Quando apreendemos e reconciliamos as nossas energias arquetípicas, então estamos a orientar-nos no caminho da saúde psíquica. O nosso bem-estar dependerá, segundo aquele clínico, da conciliação de energias arquetípicas – masculina e feminina. Esse é um pensamento antitético: o animus (o “íntimo”) opõe-se à persona (“máscara”), o ego (“eu”) opõe-se à sombra, ou seja, a “algo inferior, primitivo e inadaptado”.
No primeiro andar, havia um salão mobilado em Estilo Rococó.
Não sabia como era o estilo do andar de baixo. Ali, tudo parecia muito mais antigo. Essa parte da casa devia ser do século XV ou do século XVI. O mobiliário era medieval. Os soalhos eram de tijoleira. Eu andava de uma sala para a outra, pensando: ‘Tenho de explorar a casa toda.’
Cheguei a uma porta muito pesada e abri-a. Uma escada de pedra levou-me à cave. Desci e encontrei-me numa linda sala abobadada que parecia muito antiga. As paredes eram da época romana. O chão era de blocos de pedra e, numa das pedras, descobri uma argola.
Puxei pela argola e vi uma escada estreita de pedra que descia.
Desci e encontrei-me numa cave baixa. No meio da poeira, havia ossos e pedaços de cerâmica semelhantes a restos de uma cultura primitiva.
Encontrei duas caveiras humanas, obviamente muito antigas e semi-desfeitas. Depois acordei.” (palavras de Jung, no filme The Wisdom of the Dream, 1989).
O primeiro teórico que considerou o inconsciente foi Freud. Falou do inconsciente formado na vida de cada pessoa, a partir de conteúdos suprimidos da consciência. Segundo a sua obra Interpretação dos sonhos, nos sonhos o inconsciente condensa eventos aparentemente aleatórios numa epifania concisa e de sentido íntimo. O inconsciente fala por meio de imagens afectivamente carregadas e não através de conteúdos cognitivos. Essas imagens corporificam o significado nas metáforas e nos símbolos.
Às descrições freudianas do trabalho com os sonhos, Jung acrescentou a ideia do inconsciente colectivo, no qual as imagens são comuns não só à vida de cada um, mas também à do universo. Ele também percebeu que os sonhos não eram só desejos indirectamente satisfeitos, mas, muitas vezes, comentários espontâneos do Si-Mesmo a respeito da vida do sonhador.
O inconsciente colectivo será uma camada mais profunda da psique humana, comum a toda humanidade e cuja existência aproxima o ser humano contemporâneo dos seus ancestrais. Quando nascemos trazemos um registo interno da história da humanidade. Esse mundo inconsciente é regido por arquétipos que são estruturas mentais inatas, predisposições, imagens, símbolos, que determinam como compreender o mundo e as outras pessoas. Para além do estudo dos sonhos apoiou-se também no estudo comparado de criações culturais (particularmente mitos, lendas e religiões) de povos sem qualquer comunicação entre eles. Esta ideia é também apoiada por estudos realizados com cegos de nascença, em que lhes foi pedido para desenhar paisagens e símbolos, e se obtiveram desenhos muito próximos da realidade.
Jung dizia que cada homem possui um potencial criativo que quando colocado em uso para o seu benefício, desenvolverá um estilo único de ser e agir no mundo, procurando o bem-estar de si mesmo e da comunidade. Um ser humano só é desenvolvido se interagir criativamente com o seu próximo, em prol de um bem comum.
Na visão de Jung, quando o bebé nasce, ao contrário do que Freud pensava, não é uma tábua rasa, traz consigo uma bagagem genética e psíquica. Não só o seu corpo é resultado de uma cadeia de genes, também o seu psiquismo provém de experiências ancestrais. Aquilo que Jung chamou de inconsciente colectivo, é na verdade um arquivo da história da humanidade. Todas as crianças nascem numa situação sócio-afetiva cultural, melhor ou pior estruturada e vai então desenvolvendo o seu ego, tornando-se uma pessoa com identidade.
Jung concebeu uma arqueologia psíquica sugestiva, porque não somos diferentes do que éramos no passado: possuímos qualidades e limitações comuns.
Se bem que inconscientes, os arquétipos são tidos como consciencializáveis por sistemas simbólicos comuns. Quando apreendemos e reconciliamos as nossas energias arquetípicas, então estamos a orientar-nos no caminho da saúde psíquica. O nosso bem-estar dependerá, segundo aquele clínico, da conciliação de energias arquetípicas – masculina e feminina. Esse é um pensamento antitético: o animus (o “íntimo”) opõe-se à persona (“máscara”), o ego (“eu”) opõe-se à sombra, ou seja, a “algo inferior, primitivo e inadaptado”.
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